O público (gatos pingados e miados) do Pública
“Nada como um sol, transformador de uma noite” (refrão da música “Tuas Fotos” do Pública) como poucas, noite que só não será esquecida, devido à atração principal ter dado conta do recado e eu por ser manauara, estar acostumado e preocupado com a presença de casas noturnas momentâneas e modistas que surgem nos arredores Barés.
Meu sentimento nesta manhã, antes de realizado, é de desespero, frustração, tristeza e vergonha. Sim, a banda revelação do rock independente em 2009, fez um show na casa Noturna SIN House, para cerca de 30 pessoas e menos da metade, faziam algum tipo de movimento, (algumas garotas pareciam estar num baile de debutantes ou casamentos, portavam vestidinhos e saltos, não sei exatamente onde eu estava), que nem pareciam estar numa festa de Rock n Roll, talvez, numa noite de demonstração de algum rock pra elite ver e tentar prestigiar.
A banda subiu ao palco um pouco antes das três horas da madrugada, esplêndida performance, mergulho total no Britpop, entrosamento e boa colocação das guitarras, melodias marcantes, alegres, quase ausência de melancolia e disparos de vários clássicos presentes nos dois álbuns da banda o “Polaris” de 2006 e o” Como Num Filme Sem Um Fim” de 2008.
As músicas: Casa Abandonada, Long Plays, Bicicleta, Sessão da tarde foram umas das que fizeram a “fervorosa platéia” cantar e pular meio que timidamente no imenso e vazio salão. Um amigo meu cantarolava emocionado quase todas, engraçado é que eventos com poucas pessoas tornam claras e evidentes as expressões, atitudes, risos, viagens, etc.
Um dos momentos mais interessantes do show foi a cover que a banda fez da música "Exodus" de Bob Marley. Gaúchos rockers tocando reggae na Amazônia, diferente não? E agradou, a versão saiu porrada e muito empolgante.
Após quase duas horas de repertorio a banda se despediu do palco e do público, sobre salva de palmas, e sobre a promessa de voltar outro dia, espero que seja para um público diferente, aquele que costuma freqüentar, (em local agradável), bares sujos, apertados, quentinhos e principalmente que haja a divulgação, não ocorrida nesta vez.
Para não parecer que só falei mal do lugar, a qualidade do som estava impecável, soaram divinamente bem, os técnicos de som estão de parabéns e os seguranças também, bloquearam os estufados da área vip a noite toda, resultado, ninguém sentou, nem os “Vips”.
Flutuei ao som em nuvens de lamentos, alegrias e porque não descobertas, a banda Pública continua sua caminhada buscando ser grande num limitado mercado da música, mal sabem eles que são maiores que isso, o problema não está com eles, para nós amantes da boa música, seria estar sem eles.
Manaus continua despreparada pra receber tais pequenos eventos e nós, não esperemos pelo grande dia, busquemos nosso espaço, nosso rock, é como uma constante luta pela vida.
Por Tiago Omena – Batera da banda alternativa Sweetbeer e Colaborador do Manifesto Blog.
Foto: Tiago Omena