03/02/2011

ROCK! #1 - “Lust for Life”

Cena do filme Trainspotting



Mark Renton corre pelas ruas de Edimburgo enquanto ouvimos sua voz em off: “Escolha apodrecer no final, beber num lar que envergonha os filhos egoístas que pôs no mundo para substituí-lo. Escolha o seu futuro. Escolha viver." Na trilha sonora, Iggy Pop incendeia nossas esperanças com o refrão de Lust for Life, lançada pela velha iguana em 1977, em álbum homônimo. Na cena inicial de Trainspotting, filme de 1996 dirigido por Danny Boyle, o rock nervoso do líder dos Stooges parece nos dizer que a vida faz pouco sentido se não for vivida com intensidade.

Sendo assim, aquilo que aproxima o filme de Boyle da música de Iggy Pop é exatamente um certo sentimento em relação ao sentido da vida contemporânea. O rock, me parece, sofre atualmente de uma aguda crise de identidade acerca dos seus valores e atitudes, coisas que vão além da mera qualidade dos riffs de guitarra. Nesse sentido, tem muito mais a ver com a energia que pulsa do que com as (im)possibilidades que o mercado da música lhe impõe. Dito de outra forma, Iggy, ainda vivo e atuante, representa aquilo que mais precisamente simboliza o rock and roll: vibração, atitude, desarmonia e um infindável impulso para a vida vivida com intensidade. Palco do show de Iggy Pop, Planeta Terra 2009

Foi isso que nos mostrou em novembro de 2009, quando ele e sua lendária banda The Stooges fizeram uma apresentação memorável no Festival Planeta Terra. A performance do cantor americano foi o destaque daquela edição do festival. Iggy, durante a música "Gimme Danger", desceu para a platéia e incentivou os fãs a subirem no palco. O que se viu a partir daí foi o mais absoluto e maravilhoso caos. Ainda com o amontoado de gente no palco, ele começou a canção "Loose". Particularmente, não me lembro de ter vivido nada melhor. Aliás, melhor que isso, impossível.

Em 2010, foi lançada a coletânea em cd duplo intitulada Anthology Box: Stooges & Beyond. Como o próprio título informa, os discos trazem músicas da fase Stooges e clássicos do seu repertório solo. As 35 canções dividem entre si toda a sujeira que marca a discografia do cantor ícone do punk rock.

No primeiro disco, versões raras de estúdio, alguns covers (como Louie, Louie e Purple Haze). Lust for Life, aquela do filme de Boyle e feita em parceria com David Bowie abre o segundo CD. Da parceria com o camaleão também estão lá China Girl e Dum Dum Boys. Clássicos como 1969, No Fun, I Wanna Be Your Dog e Raw Power aparecem em versões ao vivo.

Vibração, atitude, desarmonia e um infindável impulso para a vida vivida com intensidade. No geral, essa pode ser a tradução dessa antologia. Talvez o rock ainda tenha muito a aprender com o velhinho Iggy. Talvez bem mais que muito. Para alguns, talvez nem tanto. O fato é que alguns dos caminhos da cena atual têm nos levado de volta ao passado. O futuro, ou a falta dele, ainda pode inspirar canções e atitudes.

Escolha Viver! God Save Iggy!


Texto publicado no blog Disclosure Vintage

http://disclosure-vintage.blogspot.com/2011/01/rrock-1-lust-for-life.html

Por Lenildo Gomes - Pesquisador Sociólogo, mestre em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC), professor universitário, pesquisador na área de cinema e realizador em audiovisual, colaborador do Manifesto Rock Blog

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Documentário sobre a obra do Fotógrafo Spencer Tunick no Espaço Valer



NAKED WORLD (O Mundo Nu)

Classificação Indicativa: 18 anos.

Produção da HBO/Europa & Helen Hood Scheer

Ano de Produção: 2003

Colorido/legendado em português.

Direção: Arlene Donnely Nelson

Duração: 72 minutos.



O documentário perfaz o percurso criativo de Spencer Tunick em vários países, suas premissas de trabalho, a escolha das pessoas e as locações, as dificuldades, a repressão policial, os obstáculos enfrentados. O documentário apresenta imagens bucólicas, formadas pela numerosa quantidade de corpos nus, homens, mulheres, idosos, idosas, jovens e crianças, que fizeram a fama de Spencer Tunick, que é considerado o mais importante fotógrafo atual na composição de fotos artísticas de multidões nuas.

O documentário também apresenta a participação de Tunick na 25ª Bienal de arte em São Paulo (2002), destacando a sessão de fotos com brasileiros (uma média de 1.200 pessoas nuas) realizadas ao redor do prédio do MASP. Tunick programa sua jornada pela França, onde realiza uma foto não convencional do cartão postal parisiense, a Torre Eiffel, onde relata suas extremas dificuldades em encontrar pessoas para posarem nuas. As sessões ao redor de um navio britânico, as sessões na Irlanda, a trajetória na Rússia e suas particularidades após o fim do comunismo, seus artistas, seus museus e a questão da nudez e sua inserção na arte contemporânea russa, a sessão de nu artístico com a diretora do Museu Russo, Olesya Turkina, que explana sobre a visão russa do corpo nu.

Spencer Tunick sempre provoca reflexões nos países em que desenvolve sua obra fotográfica, o que fica muito evidente neste documentário, que ultrapassa a simples visão da arte fotográfica como registros estáticos de situações forjadas por um artista. O sucesso espetacular de Tunick no aclamado Festival de arte de Fringe, em Melbourne, na Austrália, numa sessão com número recorde de participantes (média de 4.500 pessoas nuas), e a curiosa intervenção de um religioso que é retirado pela polícia, pois é o único que está de roupas no local, protestando contra a nudez.

Importante também destacar neste trabalho a ajuda do artista, indiretamente, aos portadores de HIV e pessoas com histórico de depressão, visivelmente tocadas pela participação nas sessões de nudez coletiva.

O Japão é outro país enfocado, onde Spencer Tunick também encontra barreiras, mas que consegue realizar sua proposta, com apenas quatro participantes. A próxima parada é na África do Sul, na Cidade do Cabo, numa sessão de nu com o escritor e poeta James Matthews, “estou tirando minhas roupas e olhando para o futuro”, diz o poeta sul-africano. A viagem de Tunick alcança a Antártica, com seus icebergs, e é lá que a companheira de Tunick posa nua para ele, em outras sessões memoráveis de nu artístico, que incluem também um surpreendente trabalho com uma senhora vítima de queimaduras.

O Cine-clube Baré, de forma pioneira, inaugura com este documentário o ciclo CINEMA E NATURISMO, toda sexta-feira de fevereiro, com filmes raros e que colocam em cena a nudez de forma natural, contribuindo assim para o resgate de um movimento mundial que já possui mais de um século, que se faz presente em diversos países, buscando a elevação dos valores humanos em sua dignidade e nudez.



Por Jorge Bandeira – Diretor Cultural e Colaborador Manifesto Rock Blog

Contato:

vicaflag@hotmail.com

http://naturismoamazonense.blogspot.com/


CICLO de FEVEREIRO:
“CINEMA E NATURISMO”

FILME/DOCUMENTÁRIO:
“NAKED WORLD”

LOCAL: ESPAÇO CULTURAL VALER/ALTOS DA LIVRARIA VALER

DATA: 04 DE FEVEREIRO DE 2011.

HORA: 18h30min

ENTRADA FRANCA !!!

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