31/08/2010

Gaiman ganha causa contra McFarlane, da HQ 'Spawn'


A Justiça americana determinou no mês de agosto, que o escritor Neil Gaiman, criador de "Sandman" e "Coraline" receba royalties devidos pela aparição de três personagens criados por ele e que apareceram na HQ "Spawn", de Todd McFarlane. Gaiman alega que HQ usava personagens que ele criou há anos.

A juíza Barbara Crab entendeu que os personagens Dark Ages Spawn, Domina e Tiffany foram derivados de criações de Gaiman sem lhe dar o devido crédito. Há anos Neil Gaiman briga na Justiça para receber royalties. De acordo com ele, o personagem Dark Ages Spawn é essencialmente uma cópia do Spawn Medieval, que ele criou em 1993 na edição número 9 da série original "Spawn" - criada e publicada por McFarlane.

Mário Orestes, membro dos Quadrinheiros do Amazonas, falou sobre esse assunto ao Manifesto Blog.

Segundo ele, essas brigas judiciais tendem a crescer com o passar do tempo, pois tudo que está sendo criado é uma mera releitura do que já foi feito antes. Mário também frisou que as grandes editoras possuem advogados que estão sempre prontos a conseguirem uma “renda extra” por indenizações milionárias.

“Aqui em Manaus não há mercado pra isso. Até mesmo no resto do Brasil, isso é difícil de acontecer. Quadrinhista brasileiro quando quer ganhar grana tem que sair do país, a não ser que ele seja o Maurício de Souza. Lembro que o Laerte me disse quando veio à Manaus, que chegou a ser ameaçado pela Coca-Cola por usar a logomarca deles na capa de um álbum dos Piratas do Tietê”. comentou

Mário Orestes ainda completou que além de Neil Gaiman, outros autores abriram sua mente o influenciando em seu trabalho. Dentre eles citou: Katsuhiro Otomo, Alan Moore e Moebius. “Depois que li esse pessoal, percebi o quanto eu estava perdendo tempo lendo HQ de super-herói. Sandman é tão intelectual e tem tantas referências que muito adolescente não entende. Já o MacFarlane montou na grana com Spawn que é um super herói hibrido de outros personagens.As primeiras histórias de Spawn são legais, mas depois cai na mesmice. Prefiro ele fazendo vídeos clips de bandas de rock, como Pearl Jam e Korn. As histórias de Gaiman pegam os adolescentes pelo pescoço esbofeteando-os e dizendo: se liguem! Parem de ler bobagens e raciocinem”. Afirmou

Neil Gaiman é um autor de romances e quadrinhos inglês. Entre suas obras estão "Deuses Americanos" e "Belas Maldições", a segunda em parceria com Terry Pratchett; e sua criação quadrinística mais conhecida é Sandman, que tem como personagens principais Sandman, a personificação antropomórfica do Sonho, também é conhecido como Morpheus, numa referência à mitologia grega e seus irmãos, Morte, Destino, Delírio, Desejo, Desespero e Destruição.

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Coletânea com músicas de Syd Barrett sai em outubro


A gravadora EMI vai lançar no mês de outubro uma nova compilação de músicas do cantor, compositor e ex- Pink Floyd Syd Barrett, a notícia foi dada no site oficial do músico.

A coletânea "An introduction to Syd Barrett” vai reunir canções compostas por Barrett desde a época em que era o líder do Pink Floyd até a carreira solo. A produção-executiva ficou a cargo de David Gilmour, ex-guitarrista da banda e amigo do cantor morto em 2007.

Quem comprar o álbum em CD ou em versão digital pelo iTunes vai poder fazer download da faixa instrumental e inédita "Rhamadam".

Veja o set list de "An introduction to Syd Barrett”:

"Arnold Layne"
"See Emily play"
"Apples and oranges"
"Matilda mother"
"Chapter 24"
"Bike"
"Terrapin"
"Love you"
"Dark globe"
"Here I go"
"Octopus"
"She took a long cool look
"If it's in you"
"Baby lemonade"
"Dominoes"
"Gigolo aunt"
"Effervescing elephant "
"Bob Dylan blues"

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Um prêmio que envergonha uma nação


Minha falecida mãezinha – cujo doce espírito deve estar neste exato momento sentado ao meu lado, lendo estas mal traçadas linhas – sempre dizia que “o pior cego é aquele que não quer ver o que acontece ao seu redor”. Estas sábias palavras ecoam na minha cabeça depois de assistir a uma das mais patéticas atrações televisivas dos últimos tempos.

Certa vez, escrevi aqui mesmo no Yahoo! Brasil um texto chamado “Prêmios não servem para nada”, mas tenho que admitir que mudei de opinião depois de assistir às grotescas cenas ocorridas durante aquilo que deveria ser um dos maiores eventos da música brasileira – o Prêmio Multishow 2010 – que ocorreu na semana passada. A julgar por aquilo que vi ali, um prêmio também serve para envergonhar um País inteiro.

A começar por uma série de inacreditáveis falhas de organização, dignas de um show de quermesse de oitava categoria. “Patético” talvez seja o melhor adjetivo que posso encontrar para definir o evento, um verdadeiro antro de felicidade de plástico, exibicionismo canhestro, premiações absurdas e o que é pior: um retrato límpido e cristalino do que chamamos hoje de “juventude televisiva”.

É isso o que dá organizar uma premiação em que o vencedor é escolhido pelo público. Sem nenhum controle, o resultado é baseado na ação tresloucada dos fãs clubes, formados em sua maioria por débeis mentais que passam semanas inteiras votando em seus objetos de paixão, até ficarem com o dedo em carne viva de tanto teclar no telefone. Imagine o desespero dos pais na hora que chega a conta… Isso sem contar o fato de que certos artistas contratam empresas especializadas em fazer o serviço das ligações – como você acha que certos zé-manés e pseudoartistas ganham os reality shows da vida?

Mesmo o telespectador normal, que só ouve música quando toca na rádio ou quando assiste a um desses programas dominicais, ficou incrédulo, perguntando a si mesmo se realmente foram aquelas pessoas que se destacaram na música brasileira nos últimos dois anos.

O constrangimento começava com a dupla de apresentadores, Bruno Mazzeo e Fernanda Torres, que aparentavam estar com uma enorme vontade de estarem longe dali, talvez em uma sessão de teatro ou até mesmo em um churrasco. Fernanda chegou ao cúmulo da desatenção ao chamar ao palco para receber um prêmio artistas que, na verdade, ganhariam em outras categorias até então não anunciadas. Além disso, ignorou a presença do saxofonista de Ivete Sangalo no palco.

O músico estava ali para representar a cantora baiana no recebimento de um prêmio – até mesmo Ivete sacou que seria uma “roubada” participar desta presepada –, mas Fernanda ratou de chamar logo os próximos convidados, talvez ansiosa por sair dali o mais rápido possível.

Já Bruno Mazzeo anunciou uma apresentação de Claudia Leitte e Victor & Leo sem que os cantores estivessem prontos para entrar em cena, o que o levou a improvisar um ridículo stand up comedy ao vivo – se bem que ouvir a versão que a cantora e a dupla fizeram de “Pais e Filhos”, da Legião Urbana, foi um troço muito pior. E os Titãs, então, que foram “homenageados” na cerimônia por uma banda de mulheres que começou a tocar sem que a vocalista escalada, Maria Gadu, estivesse no palco? Uma bagunça total!

Nem vou perder o meu tempo – e desperdiçar o seu – comentando sobre os disparates nas premiações, representadas por um troféu horroroso, que mais parecia um halter de plástico, que a produção deve ter comprado aos quilos nas “lojinhas de R$ 1,99” espalhadas por qualquer capital, mas… Olha, premiar Rodrigo Tavares, o baixista do Fresno, como “Melhor Instrumentista”, foi um escárnio tão grande que mesmo o ganhador se sentiu envergonhado com a escolha. Foi o mesmo que dar o prêmio de “Melhor Carnívoro” a uma capivara… E ver um manifesto clássico como “I Love Rock and Roll”, da Joan Jett, ser massacrado pelos caras do Cine junto com uma tal de Lu Alone. Deu vontade de sair por aí recolhendo todas as giletes do meu bairro, tão preocupado fiquei com um possível surto de suicídios coletivos.

A verdade é que há tempos tais premiações se transformaram em um balaio de gente que só faz “tipinho” em frente às câmeras – embora alguns também façam o mesmo na vida real, o que é ainda mais ridículo. É o tipo de coisa que só encontra eco em cérebros desmiolados, que ainda se impressionam com o “mesmo de sempre”, que passam grande parte de suas medíocres vidas a sentar suas bundas gordas e flácidas na frente da TV ou do computador e receber doses maciças de imbecilidade.

Ainda bem que você não é assim, né? Não é? Hein?

Texto de Regis Tadeu

Regis Tadeu é editor das revistas Cover Guitarra, Cover Baixo e Batera, diretor de redação da Editora Aloha, crítico musical/jurado do Programa Raul Gil e apresenta/produz na Rádio USP (93,7) o programa Rock Brazuca.

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