04/03/2011

Especial Grito Rock Manaus 2011 - 1ª Parte


Antes de discorrer sobre o que rolou no 5º Grito Rock Manaus, venho aqui pedir minhas sinceras desculpas aos leitores e parceiros do Blog Manifesto Rock. Devido a um problema no meu HD, todas as matérias, entrevistas e fotos do festival foram literalmente pro saco. Por isso a demora em postar as resenhas. Espero que vocês entendam essa tragédia jornalística. Obrigado a todos !!!


Grito Rock Manaus – Primeira Noite


Quem foi primeira noite do Grito Rock na Quadra da Escola de Samba Vitória Régia na sexta passada, pôde conferir uma verdadeira celebração da cultura e da música independente. Nem o carnaval e nem o clima chuvoso intimidou a galera que prestigiou 8 grandes bandas, em uma jornada de 8 horas de muito som, regados a cerveja à preço justo (preço comum dos demais eventos musicais e gelada a noite inteira), ingressos na faixa, intervenções artísticas com performances do GritoEncena, mostras visuais do ExpoGrito, um público receptivo e diversificado, transmissão de web rádio, área de imprensa, enfim, um “turbilhão de diversões sonoras” mostrando que no festival GR a “Festa Nunca Termina”.


A noite começou a esquentar com os tambores do maracatu atômico do Grupo Eco da Sapopema. Um desfile de ritmistas acompanhados de beldades que deram um aperitivo dançante ao público que já tomava as dependências da quadra da Vitória Régia e esperavam ansiosos pela maratona sonora.



Dpeids



Os primeiros a pisarem no palco do GR foi a revelação do rock local no momento, Dpeids. A banda foi uma agradável surpresa, exalando um caos juvenil com uma pegada punk rock/hardcore, com pitadas reggae do maneiro e algumas doses de pinga. Essa garotada mostrou muita atitude e fez uma mistureba ao melhor estilo “Gabba Gabba Hey”. Uma tijolada na vidraça munida de um humor sarcástico irreverente com uma overdose de apologias digamos aceitáveis para aquele horário. Destaque para “Tu Tá Cheirado” e “Caldo de Bodó”. Estavam tão a vontade no palco que o vocalista vestia um pijama e dizia “é necessário estar bêbado”. Olho nesses caras, pois o compromisso com o rock é não se levar muito a sério.


A próxima atração da noite seria a Rimologia Urbana, mas por motivos de força maior, a banda não pode comparecer ao Grito Rock Manaus. Uma pena, mas isso fica pra depois.



Cobertura Colaborativa


Com o intuito de fortalecer as ideias defendidas sob o conceito de Cidadão Multimídia, do Circuito Fora do Eixo, a equipe de comunicação do Coletivo Difusão abriu espaço em sua área de imprensa livre para a produção colaborativa de pequenas resenhas, considerações e críticas levantadas no decorrer dos shows do Grito Rock.

No calor da sala de comunicação ao lado do palco do Grito, jornalistas, blogueiros e integrantes de algumas bandas locais e nacionais, participantes ou não da edição 2011 do Grito Rock Manaus, deixaram suas avaliações de bandas que deixaram sua marca neste festival.



Terceira atração da noite All 41.

Ao ouvir os primeiros acordes tentei lembrar qual o estilo de música era o da vez, a camiseta do guitarrista solo me deu a dica, Lamb Of God, imediatamente lembrei da apresentação da All41 no Grito Rock Manaus de 2009. Os meninos cresceram, ou até mudaram, mas o que pode ser latente, é a evolução que a banda teve dentro desses anos.

O estilo que aparentemente assusta os roqueiros democratiza aquilo que imaginamos como Rock N'ROLL, que inclui até o metal, ou como até sopraram-me que o pós-core da banda podia ter um backvocal mais entonante, confesso que isso assustou ainda mais aqueles que, assim como eu, pouco conhecem sobre o estilo.

O que mais posso destacar é a preocupação dos músicos quanto a performance sincronizada dos solos e riffs, a força que o vocalista principal precisava impor, ressalto que este foi prejudicado com a falha técnica do microfone (acontece nas melhores famílias). O fato é, com toda regionalização que podemos ver nas bandas selecionadas pela curadoria, a diversificação de estilo positiva o evento. E outra coisa, o festival merecia uma banda realmente de heavy metal (de quem é a culpa eu não sei).

Por Renata Paula, Jornalista
Cobertura colaborativa
Coletivo Difusão



Mr. Jungle (RR)


Em seguida veio a Mr.Jungle (RR), a banda quebrou a velha máxima de que time que joga fora de casa, precisa jogar fechado pra tentar ganhar o jogo nos contra ataques. Os caras abriram o show com o hit “Mr. Rock n´Roll” e tomaram o público logo de cara mostrando realmente que a Boa Vista linda de ser ver e ouvir tem rock descente e de boa qualidade.

O vocalista Manoel Villas Boas e o guitarrista Fabrício Cadela, fazem a comissão de frente na linha Page/Plant,Daltrey/Townshend,Scott/Young, com dignidade e uma performance matadora que chega a empolgar. Completando a cozinha infernal da banda, o baixista Artur Sampaio, o tecladista Alexandre Dias e a locomotiva Jon Nelson na batera.

A temperatura elevou quando o riff de “Highway to Hell” cover do AC/DC, ecoou na quadra da Verde e Rosa, era o que a malucada estava esperando. Uma catarse coletiva tomou conta do lugar. Moshs, rodas de pogo, stages diving e um coro uníssono “ I´m on Higway to Hell”, com direito a microfone na turma do gogó com Edu Molotievscki, vocalista da Tudo Pelos Ares dando uma canja. A banda ainda terminou o show com “Fogo” e saiu do 5º GR Manaus com o dever cumprido, a alma lavada e mais três pontos na tabela. “Welcome Mr.Jungle” rock n´roll envenenado pra estourar amplificadores e é claro, os ouvidos.


Olhos Imaculados

“Salve a Verde Rosa” !!! foi assim que a Olhos Imaculados começou seu show (pra muitos o melhor da noite) homenageando o “Berço do Samba” da Praça 14. A apresentação da banda marcou a volta do talentoso guitarrista Bismarck. O cara não parou nem um minuto, cuspindo riffs, destruindo tudo e engatando uma música após outra para a alegria dos fãs presentes ao GR.

O vocalista Seta é considerado um lenda no rock local, para alguns é uma mistura de "David Bowie & Júpiter Maçã", pela performance teatral visceral e o brilhatismo de suas letras, uma poesia maldita que retrata o underground de Manaus em sua faceta mais marginal.

Os destaques ficam pra “Emancipação da Androgênia”, o hino “Tudo Como Vier” (todas do disco “Cidade em Letargia”, discografia básica obrigatória do rock manauara) e a feliz escolha da cover “Samba Makosa”, de Chico Science & Nação Zumbi. O show da Olhos Imaculados foi um daqueles imperdivéis para quem gosta do rock manauara, por que em questão de Solimões isso é fundamental.


The Dust Road

A banda fez um show com muita propriedade e mandou um set list com músicas autorais e também clássicos do rock n´ blues. O vocalista e guitarrista
Cahe, foi eleito o “Neil Young” do festival, pela sua presença de palco e as imponentes costeletas. Confira a resenha de Manoel Villas Boas, vocalista da Mr. Jungle sobre o show da banda.

A The Dust Road não deixou a poeira sentar. Pra quem não conhece a banda, pode se impressionar com a segurança e ao mesmo tempo o feeling que os caras demonstram no palco. São excelentes músicos, que dominam como poucos seus instrumentos e que entorpeceram mais uma vez a audiência no Grito Rock Manaus.

A precisão com a qual o baixo e a bateria trabalham é incrível, mas isso não impede de cada um aparecer em seu instrumento.

Cahe, o guitarrista, vocalista e band leader é uma figura a parte. Mesmo não assumindo de forma declarada sua posição de líder, consegue hipnotizar a todos com performance destacada.

O rock n' roll sempre vai existir e ser forte, enquanto bandas como a The Dust Road continuarem a compor suas belas e deliciosas canções. A falta do teclado foi sentida, mas isso é só questão de tempo, pois logo a banda volta com sua formação completa.

Grande prazer ouvir mais uma vez a banda manauara.

Vida longa a The Dust Road, vida longa ao Rock.

Por Manoel Vilas Boas, vocalista da banda Mr Jungle (RR)
Cobertura Colaborativa



Ed Ondo

A Ed Ondo foi formada em 2006 e cultiva, por meio de composições próprias, uma pegada mais voltada para o público alternativo. A banda transmitiu em seu show muita energia, melodias caóticas, com guitarras distorcidas e vocais ora gritantes, ora melódicos, que deram um toque empolgante em músicas que subvertem, e traduzem por canções simples toda a inquietude e inconstância juvenil. Um ótimo show.

A banda estréia o projeto Riffs Desplugados dia 17/03 no Espaço Thiago de Melo na Livraria Saraiva Megastore. O Riffs Desplugados é um projeto que vem pra ajudar e articular a cadeia produtiva do rock independente autoral de Manaus.

Por Marcos Vinícius, guitarrista da RockSlide
Cobertura Colaborativa



Black Drawing Chalks

O encerramento ficou por conta dos goianos Black Drawing Chalks, sem dúvida a banda mais esperada da primeira noite do GR Manaus. Um show visceral e empolgante com destaque para o hit “My Favorite Way” que me deixou rouco e com hematomas devido a roda de pogo que fez pirar a galera. Confira a resenha da cobertura colaborativa de Thiago Silva.


Por definição, o Black Drawing Chalks é uma banda de stoner rock, gênero que se traduz em riffs “gordos” e um som agitado, numa concepção que envolve desde a arte de cada disco até a nota produzida em cada instrumento, adicionados de um tiquinho de psicodelia aqui e ali.

Em suma, é som pra ouvir com uma garrafa de Jack Daniel's ao lado ou enquanto atravessa-se a Rota 66 num Corvettão, ou adaptando um pouco, enquanto tu vai rumo à Presidente Figueiredo no teu possante.

Vale mencionar que o show foi um marco, primeira apresentação da banda aqui no Amazonas, tendo um set que abrangeu praticamente cada um dos discos dos rapazes, bem como uma ou outra canção inédita, sem deixar a peteca cair e mantendo uma constância na animação do público, agitando ferozmente até às 3 da matina.

Lembram que eu falei sobre stoner rock ali em cima? A atitude do BDC em palco, muito se assemelhava ao de bandas punk, tocando quase todas as músicas num tempo bem mais acelerado do que nas gravações originais e uma presença de palco e intensidade bruta fluindo de cada um dos integrantes, resultando em um TREMENDO show pr'aqueles que aguentaram a chuva e o cansaço.


Por Thiago Silva, Cobertura Colaborativa




E assim terminou a primeira noite do 5º Grito Rock Manaus 2011. Uma verdadeira festa do rock e da cultura independente. O público a cada ano prestigia e entende a proposta do festival, que é fomentar e fortalecer a cadeia produtiva das artes integradas e da música em Manaus.

Quero agradecer aos Coletivos Difusão e Cuia pela parceria e por mostrar mais uma vez, que um festival se faz com comprometimento, colaborativismo, respeito a diversidade musical e uma organização que se não foi impecável, não deixou nada a desejar. Agradecimento a Léo Barbosa, membro fundador do Partido da Cultura – PCult e também a todos os jornalistas, fotógrafos e músicos que contribuiram na cobertura colaborativa do evento.

“Se não colaborarmos, nós evaporamos”


Por Sandro Nine

sandronine33@hotmail.com

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manifestoblog@hotmail.com


Cobertura Colaborativa Coletivo Difusão: Renata Paula, Allan Gomes, Manoel Villas Boas, Thiago Silva, Marcus Vinícius.

Fonte: www.gritomanaus.blogspot.com

Fotos: Sandro Nine, Edu Molo (Tudo Pelos Ares) e Frank Roosevelt.

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